sexta-feira, novembro 30, 2007

Como???

Gosto de ver boa publicidade. Sejam anúncios de TV ou papel (os da rádio são, regra geral, idiotas), se forem bem conseguidos captam-me a atenção pela criatividade, bom gosto e pela capacidade de prender o comprador até ao fim.
Depois, temos as empresas tipo a Agência de Publicidade de Chelas que, certamente, deverá ter sido a empresa contratada pela Tagus para a sua nova publicidade.
"Mas porque dizes isso, ó Vilarinho"?, perguntam vocês. Pois bem, a publicidade assenta no mais banal tema para o efeito, a sexualidade, e tem a seguinte frase promocional:

"És hetero? Tens orgulho? Então vai a http://www.orgulhohetero.com/"

Portanto... Eu, hetero confesso, tenho que me orgulhar em ser hetero indo a esse site e tenho que beber essa coisa de macho que se chama cerveja. Só assim terei o respeito dos meus pares.

Entretanto:
- não sou esfaqueado por ser hetero
- não sou perseguido por ser hetero
- não há sites que me dizem que deus (quem?) me odeia por ser hetero
- não sou chicoteado por ser hetero
- não sou posto de lado pela minha família por ser hetero
- não sou detido, torturado e condenado a 5 anos de trabalhos pesados por ser hetero
- não sou corrido à pancada no meio da rua por homossexuais por ser hetero
- não sou discriminado por ser hetero
- não sou proibido de trabalhar por ser hetero
- não sou morto à pancada por ser hetero
- não sou condenado à morte por ser hetero

Eu sou só mais uma face na multidão, a qual ninguém vai agredir só porque gosta de mulheres.

O que se segue...? O orgulho branco? O orgulho macho?



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"Vós que não vos sentis opressores. Vós que beijais como toda a gente. Não é culpa vossa que haja doentes ou criminosos. Nada podeis fazer, dizeis, já que sois tolerantes. A vossa sociedade tratou-nos como um flagelo social para o Estado, como objectos de desprezo para os homens verdadeiros, como sujeitos terroristas para as mães de família. Estas mesmas palavras que servem para nos designar são os vossos piores insultos. Protegeis as vossas filhas e os vossos filhos da nossa presença, como se transportássemos a cólera. Afirmamos aqui que já chega. Que não mais nos chatearão, porque vamos perseguir o vosso racismo contra nós, até mesmo na linguagem. Dizemos mais: não nos contentaremos em nos defendermos. Nós vamos atacar."Excerto do manifesto de fundação da Frente Homossexual de Acção Revolucionária (FHAR), Paris, 1973